Nós gastamos e o povo paga a conta.
Acompanhando os noticiários últimos, nos deparamos com vários depoimentos de prefeitos
que assumiram o governo em 1º de janeiro e, salvo pequenas exceções, o muro das lamentações parece não ter fim. São choradeiras intermináveis e dores de cabeça constantes por estarem cercados de dívidas (deixadas pelo antecessor), que serão sanadas com os cofres vazios e as contas bancárias totalmente desprovidas de recursos.
Fruto da falta de uma reforma política que teima em não sair do papel, esse problema surge a cada dois anos e deve perdurar ainda por muitas décadas, afinal, a quem interessa essa reforma? Será que alguém pode ser tão ingênuo ao ponto de achar que os nossos legisladores vão remar contra a maré, trabalhando contra eles próprios?
Outro dia eu escutava um locutor da CBN dando risadas com a prestação de contas de uma prefeitura brasileira que deixou um saldo em caixa de R$ 0,90 (noventa centavos) mas, ao apagar das luzes, o gestor recebeu umas diárias atrasadas e os salários de dezembro mais o 13º, num total próximo de R$ 80.0000,00, ou seja, gaste-se o que não for meu.
Ano passado, próximo às eleições, eu escrevia uma crônica falando sobre os gastos e chamava a atenção para o desperdício que vemos em cada pleito. Cada candidato, no afã de ser reeleito ou fazer o seu sucessor, não mede esforços nem gastos para alcançar o seu objetivo. O curioso é que só escutamos choradeira de prefeitos opositores; os da situação aguentam a bucha e compactuam com tudo que foi feito com a maior naturalidade.
Até parece que só ficaram rombos nas prefeituras em que o gestor foi derrotado. Só para citar alguns exemplos: 1º) – Guga Lins falando a Rádio Sertânia FM, diz que a prefeita deixou um rombo de 2,5 milhões de reais. 2º)- Dessoles diz que encontrou o patrimônio público de Iguaracy totalmente depredado, com vários automóveis quebrados num total descaso administrativo. 3)- Sebastião Dias, em Tabira, faz as suas queixas sobre a herança maldita deixada por Dinca; 4)- Romério Guimarães, em São José do Egito, também tem feito duras críticas a Evandro Valadares pelo rombo causado nas finanças do município e por aí vai…
Pelo visto, as coisas só estão em ordem aonde não houve alternância de poder, isto é, somente quem foi reeleito ou fez o seu sucessor soube gastar com parcimônia. É ou não é uma piada?
Seria um grande serviço prestado à sociedade se, a cada final de mandato, nos fosse feita uma prestação de contas por quem está saindo, para sabermos como andam as finanças do nosso município. Esse Portal de transparência evitaria insinuações e saberíamos qual/quais políticos agiram com honestidade e eficiência no trato com o erário. O saber pelos outros gera distorções, troca de agressões entre os envolvidos e os munícipes (principais prejudicados) ficam a ver navios sem saber quem está com a verdade.
Em síntese, a radiografia geral das cidades brasileiras mostra prefeituras saqueadas, funcionários sem receber os últimos salários de 2012, câmaras reajustando astronomicamente os seus salários ao apagar das luzes do governo findo e nós – pobres mortais- recebemos de “Papai Noel”, na virada do ano, além desse ônus deixado pelos maus políticos, as notícias de aumento das mensalidades escolares, passagens de ônibus, taxas de IPVA, IPTU e tantas outras que engrossam a fila da nossa sofrida carga tributária.
De resto, só tenho a lamentar pela falta de escrúpulos reinante em nossos governantes, que se sentem cobertos pelo manto da impunidade, além de contarem com a idiotice dessa sofrida massa de trabalhadores que teima em votar de forma irresponsável e intolerante.
Por: Danizete Siqueira de Lima.