A Érica Góes
No brilho do luar,
não vi seu voo finito, rumo ao céu.
Agora, são tantos dias a olhar
o nascente, ao leu,
sem a luz que emoldurou sua bela face
e quando a noite me acha,
encontra-me agachada,
rente à terra rachada,
cavando com o olhar sua última sombra,
encoberta pelo veludo da escuridão,
que guarda sua face enrijecida no mármore,
que reluz e, sem pudor,
acolheu seu sorriso,
tolheu a vida dessa criança luz.
Maria Lúcia de Araújo Nogueira
*poetisa e advogada pernambucana
Folha de Pernambuco – 14.12.2012