AINADADIC*
O estranho nome de batismo desta crônica nada mais é do que CIDADANIA ao contrário. Plagiando Petrúcio Amorim em “Tareco e Mariola”, “… revirei a minha pelo avesso…” não encontrei um título mais adequado. Vejam o caso.
Funcionários de um Grupo Empresarial de Marabá, por deliberação incentivada do titular das empresas, acordam durante a madrugada para servir um reforçado lanche aos usuários dos serviços de Postos de Saúde e da agência local do INSS.
Na segunda semana de novembro último, tais agentes do bem foram agredidos verbalmente por um vendedor ambulante de lanches no espaço público do INSS. Alegava o agressor que a ação voluntária estava prejudicando seu faturamento uma vez que ao receberem os lanches os “velhinhos” deixavam de consumir os produtos por ele vendidos.
Tentando justificar a ação os funcionários receberam o seguinte ameaça: “Caso retornem jogarei tinta sobre vocês e sobre os alimentos distribuídos”. Para evitar conflitos a agência do INSS foi excluída do roteiro.
Ficar surpreso com uma atitude desta em um mundo onde a ganância e a soberba minam mais do que água no cerrado protegido é pousar de Alice. Um posicionamento deste tem guarida em uma mente repleta dos ensinamentos de “Avenida Brasil”, recém sucesso global e desprovida das doutrinas de Jesus Cristo.
Quando os governadores do Espírito Santo e do Rio de Janeiro defendem a tese de que somente os capixabas e os cariocas são merecedores dos benefícios gerados pelos Royalties do Petróleo, de certa forma estão agindo com a mesma matriz mental do comerciante individualista.
São Francisco, em sua Oração, deu a dica. Tenho certeza que o vendedor e os governadores não deram a devida atenção ao texto franciscano.
Nada, contudo, impedirá que as pessoas que trocam os interesses pessoais pelos interesses coletivos continuem dando mais que recebendo. Fatos como os acima citados servirão de incentivos, jamais serão utilizados para justificar individualismos.
Por Ademar Rafael