Para discutir o agravamento da estiagem e a previsão de um colapso no abastecimento de água para a região, os Prefeitos eleitos do Pajeú reuniram-se durante toda tarde da última sexta-feira (09), em Afogados da Ingazeira, para discutir ações conjuntas e elaborar uma carta de reivindicações ao Governador Eduardo Campos e ao Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho. Dentre as principais reivindicações contidas na “Carta do Pajeú”, os Prefeitos pedem agilidade nas obras da Adutora do Pajeú, recuperação de barragens e açudes e a urgente instalação de um “gabinete de crise” na região, com o envolvimento de todos os órgãos federais, estaduais e municipais que atuam no combate à seca.
Durante a reunião, os Prefeitos assistiram a apresentação do Gerente de meteorologia e mudanças climáticas da APAC – Agência Pernambucana de Água e Clima, Patrice Oliveira. Segundo ele, não há a menor possibilidade de prever chuvas para os próximos meses no Pajeú. “Houve uma diminuição do aquecimento das águas do Oceano Pacífico, o que é um bom sinal. O grande problema é a bacia do Atlântico Sul, que está mais fria. Não há como prever nem seca e nem chuva para o Pajeú, com os dados técnicos atuais que estão disponíveis nos Institutos de meteorologia,” Afirmou Patrice.
O maior problema dos mananciais do Pajeú é a evaporação. O volume de água perdido com a evaporação nas barragens de Boqueirão (PB) e Brotas, em Afogados da Ingazeira (PE), é maior do que o volume de água retirado para abastecer as cidades sertanejas. Os Prefeitos também cobraram da APAC, um maior rigor no gerenciamento e na fiscalização do uso indevido da água das barragens. Há muitos irrigantes que estão tirando água para plantios irregulares nas margens dos mananciais. “A prioridade número um da região é garantir água para o consumo humano. Não podemos desperdiçar um bem tão precioso e ao mesmo tempo tão escasso, nesse período de seca”, destacou Patriota.
Em São José do Egito, toda a população de 32 mil habitantes está sendo abastecida por carros-pipa. Para abastecer Brejinho, os carros-pipa precisam buscar água nas cidades de Maturéia (PB) e Teixeira (PB). O Prefeito José Vanderlei (foto) não sabe até quando os Paraibanos poderão continuar solidários com a cidade. O Prefeito eleito de Afogados da Ingazeira, José Patriota, informa que Brotas, a maior barragem da região, opera com apenas 32% de sua capacidade. “Se não chover forte nos próximos meses, a barragem entra em colapso em Fevereiro.” A situação mais grave é a das barragens de Rosário e de São José do Egito, que operam com apenas 16% de sua capacidade.
As obras da Adutora do Pajeú, que poderiam amenizar o problema de abastecimento de água na região, estão em ritmo lento no trecho entre Floresta e Serra Talhada, ou paralisadas, no trecho entre Serra e Afogados da Ingazeira. A 3ª etapa da obra, que levaria água de Afogados até os municípios do Alto-Pajeú, sequer foi licitada.
“Esse ano não tem chuva. Se tiver, não é suficiente para recuperar os reservatórios. Tem que haver uma pressão grande para que seja agilizada a obra da adutora do Pajeú. Temos que lutar também pela adutora de Serrinha, já tem o projeto pronto. É situação de calamidade,” afirmou Luciano Duque, Prefeito eleito de Serra Talhada. O documento com as reivindicações dos Prefeitos será entregue na próxima semana ao Governador Eduardo Campos e ao Ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho.
Participaram da reunião, os Prefeitos eleitos José Patriota (Afogados da Ingazeira), Luciano Duque (Serra Talhada), Romério Guimarães (S.J do Egito), Francisco Dessoles (Iguaracy), Sebastião Dias (Tabira), Arquimedes Machado (Itapetim), José Mário (Carnaíba), Edvan César (Tuparetama), Luciano Torres (Ingazeira), José Vanderlei (Brejinho) e Zé Pretinho (Quixaba). A próxima reunião do grupo será no dia 20 deste mês, em Serra Talhada. (Fotos Júnior Finfa)