Estudantes dos cursos de saúde da Universidade de Pernambuco (UPE) se reuniram em assembleia, no dia de ontem, na sede da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças (Fensg), no bairro de Santo Amaro. A finalidade era clamar por melhorias na infraestrutura do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) e pela realização de concurso público para contratação de profissionais. Conforme os representantes do Diretório Acadêmico (DA) de Medicina, que organizaram o encontro, há dois pavilhões interditados na unidade de saúde, além de um terceiro que está previsto para ser fechado na próxima segunda-feira, por algum risco na estrutura.
“Os conselhos fiscalizadores fizeram um levantamento e chegaram à conclusão de que estariam faltando cerca de 700 profissionais para suprirem a necessidade do hospital. É preciso que seja aberto um concurso público”, afirmou o representante dos estudantes do DA, Artur Brito. Ainda de acordo com o aluno, que cursa o 12º período do curso de Medicina, um total de 25% dos leitos pertencentes ao Oswaldo Cruz estão interditados. Dentre eles, estão os espaços da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de todo o hospital, funcionando pela metade.
Os pacientes que mais sofrem com a situação podem apenas questionar. É o caso da agricultora Quitéria Moreira, de 66 anos. Ela encontra-se internada no hospital desde o dia 29 de outubro – conforme consta a data na parede da enfermaria – após ter sofrido um derrame pulmonar e uma fratura próximo ao pulmão. “Achei uma desorganização. Os banheiros são muito sujos, o esgoto é exposto e a gente ainda vai ter que sair de um prédio a outro. É um desgaste muito grande”, desabafou a idosa, que é uma das pacientes do Pavilhão Carlos Chagas, o qual deve ser interditado na segunda-feira. O local não possui sistema de refrigeração, a fiação é externa e algumas portas e janelas estão quebradas, além de rachaduras.
Conforme o professor da UPE e cirurgião do Huoc Paulo Sérgio, que trabalha no local há 20 anos, nunca havia surgido a necessidade de interditar algum leito na unidade de saúde em questão. “Esse é um problema crônico. Nosso orçamento é de R$ 4 milhões e gastamos R$ 1 milhão, por mês, somente com serviços terceirizados. Acho que esse hospital só pode sair dessa crise se o Governo do Estado nos der recursos e mão de obra humana”, afirmou.
O diretor do Oswaldo Cruz, Raílton Bezerra, afirmou que já comunicou os problemas da unidade ao reitor da UPE, Carlos Calado para que fossem solicitados ao secretário de Ciência e Tecnologia, Marcelino Granja, os recursos necessários. “O hospital foi crescendo e não foi recebendo a atenção adequada. Os pavilhões já deveriam ter sido reformados, mas os recursos estavam em licitação”, pontuou. “Creio que até o começo do ano que vem, sejam realizados os trâmites do concurso público, porque já encaminhamos um estudo ao secretário há dois anos. Também queremos um projeto que contemple toda a questão do esgoto, fios e pavilhões em geral”, afirmou.