Depois de dez meses de estiagem, os moradores de Petrolina assistiram, esta semana, às primeiras trovoadas na região. As chuvas não foram isoladas: além da cidade, parte da Bahia, do Maranhão e do Piauí também foram regiões beneficiadas. A notícia é boa para os 9 milhões de pessoas que vivem no Nordeste e estão sob a influência da pior seca dos últimos 30 anos.
Segundo especialistas do Instituto de Pesquisas Agronômicas (IPA), as condições do clima estão melhores do que no ano passado e as trovoadas podem continuar. ”Agora a atmosfera começou a dar um sinal positivo. Isso não quer dizer que as chuvas chegaram para ficar e que o inverno se estabeleceu. Não é isso. Mas a atmosfera está respondendo a uma mudança significativa e essa mudança está trazendo um comportamento favorável, inclusive a volta das primeiras chuvas dos semiárido nordestino brasileiro”, diz a meteorologista Francis Lacerda.
No entanto, ainda não é possível assegurar que as chuvas continuarão. “Geralmente, no semiárido de Pernambuco, o inverno inicia a partir do mês de janeiro. Nós ainda não temos uma previsão de como será o próximo ano”, explica a especialista.
Mesmo assim, o sentimento de comemoração é generalizado na zona rural de Petrolina. “Foi ótima a chuva, bem-vinda, né? Tem gente que duvida e diz que não choveu, que foi pouca e devia ter chovido mais. Toda chuva é bem-vinda, principalmente nessa época que a gente está vivendo, que é de muita seca”, comenta o cabeleireiro Alércio de Souza Amorim.
Os sinais da chuva estavam por toda parte: nas poças de lama, na estrada da terra, no chão molhado que fazia lembrar o barro. No sítio de Valda Lima Pereira, o feijão e o milho não são plantados há quase um ano por causa da seca. A chuva fez renascer a esperança da sertaneja. “[Será bom] Para plantar, dar comida para os animais, que estão morrendo de fome e sede, e é bom que encha as barragens, para o povo comer na roça”, festejou.
