O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ayres Britto, recebeu homenagens durante a primeira parte da sessão desta quarta-feira, última plenária antes de sua aposentadoria. O atual presidente da Corte deixará o cargo nesta sexta-feira, pois irá se aposentar compulsoriamente ao completar 70 anos no próximo domingo.
Ayres Britto disse, após receber as homenagens, que os quase dez anos como integrante da Corte passaram muito rápido porque ele trabalhou com alegria.
– Não temos direito nem ao mau humor, tamanha a honra que é servir nosso país nessa Casa.
O ministro ainda pregou o equilíbrio e a calma entre os ministros.
– Eu entendo que nossas rugas aumentam para que nossas rusgas diminuam. Derramamento de bílis e produção de neurônios não combinam. É direito do jurisdicionado saber que seu processo está com um juiz sério e equilibrado.
Segundo Ayres Britto, o STF interfere cada dia mais no curso da vida dos brasileiros e está “mudando a cultura do país, como quer a Constituição, para melhor”.
A homenagem começou com considerações do ministro decano Celso de Mello, que renovou as críticas à regra constitucional que determina a aposentadoria compulsória aos 70 anos. O ministro apoiou a proposta que tramita no Congresso Nacional que prevê a aposentadoria no serviço público aos 75 anos. Mello disse ainda que não deve esperar a idade limite para deixar o STF, onde está desde 1989. Atualmente com 67 anos, o decano deve se aposentar em 2013, mas ainda não estipulou uma data.
As homenagens a Ayres Britto prosseguiram com as palavras do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que destacou a atuação do ministro na condução do julgamento do mensalão. Também falou o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, que destacou a veia “humanista-filosófica“ de Ayres Britto e elogiou a coerência dos votos do ministro.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, destacou a capacidade conciliadora do ministro, além dos pensamentos vanguardistas que ele agregou à Corte.
– A Suprema Corte de antes tinha interpretação formada em postulados que foram evoluindo. Nada mais natural que Vossas Excelências, especialmente Vossa Excelência, ministro Britto, contribuam para esse novo pensar, esse novo Supremo.(O Globo)