SIGLAS PARTIDÁRIAS /OPORTUNISMO.
O Jornal do Commércio, em uma de suas edições do último mês de agosto, publicou uma interessante matéria, sob o título: Não é militância. É bico mesmo. A matéria revela essa realidade que permeia a vida dos nossos partidos políticos e, nas circunstâncias eleitorais do momento, não se salva ninguém, ou seja, as coligações são o retrato falado desse quadro.
A falta de consistência ideológica e o oportunismo das coligações se refletem na apatia e distanciamento do eleitor. Ressurgem questões fundamentais, como o sistema vinculativo, segundo o qual ninguém pode ser candidato a qualquer cargo eletivo, sem estar filiado a uma
sigla partidária. Houve período da nossa República sem essa vinculação e qualquer cidadão podia se candidatar a um cargo eletivo sem que estivesse necessariamente vinculado a um partido político.
Hoje temos cerca de 30 (trinta) siglas partidárias, a maioria desprovida de roupagem ideológica, configurando-se desde já e até hoje o oportunismo político-eleitoral.
Não passam de meia dúzia os que conseguem manter algum lampejo ideológico pois, apesar da conotação e abrangência nacional, conferidos a todos os partidos (artigo 29 da Constituição da república), a maioria não passa de siglas de aluguel que ficam de prontidão à espera da
próxima eleição, para as negociatas e coligações que rendem dividendos aos seus caciques.
Referindo-nos às campanhas políticas que estiveram espalhadas por mais de 5.500 municípios brasileiros no último 7 de Outubro, vimos que a propaganda estampada nas ruas, veículos, cartazes impressos e outros meios, antes de ser algo interessante, conseguem tirar o eleitor do
sério, tamanha a indiferença reinante. Tudo não passa de poluição sonora e visual.
A ostentação do poder em campanhas de candidatos a reeleição ou que tentam fazer o seu sucessor serve, quando muito, para confirmar a influência do poder econômico no processo político-eleitoral brasileiro, deformando-o em todos os sentidos, com a compra e aliciamento do voto de considerável parcela do eleitorado.
Concluimos o nosso comentário fazendo alusão ao MENSALÃO que está em julgamento no Supremo Tribunal Federal – STF, dando um claro exemplo da deformação do nosso sistema, como razão básica da não realização da reforma política bem como a não implantação do financiamento público das campanhas eleitorais”.
Por Danizete Siqueira de Lima.