Blog Afogados Conectado – Foto ilustrada
Em um país onde a desigualdade social impera, histórias de corrupção e desvio de recursos públicos não são novidade. No entanto, o caso do gari Severino Cordeiro Ramos Júnior, morador de Ibitiranga, distrito de Carnaíba, choca pela desumanidade e descaramento. Oficialmente, Severino deveria receber um salário digno de doutor, quase R$ 5.000 por mês. No entanto, a realidade é muito mais sombria.
Severino, conhecido por sua dedicação em varrer as ruas de Ibitiranga, deveria ser um exemplo de trabalhador valorizado. Contudo, familiares relatam que ele sustenta a família com míseros R$ 700 mensais. A diferença entre o que é registrado e o que efetivamente chega às suas mãos desaparece em um abismo de corrupção e desvio de recursos.
O absurdo da situação é amplificado quando comparamos seu salário com o de garis de outros municípios, que recebem, em média, R$ 1.400. A indignação aumenta ao verificar os dados do Portal da Transparência: Severino foi contratado em 2018, sem licitação, com um salário inicial de R$ 2.700, que aumentou progressivamente até alcançar R$ 4.475 em 2022. Atualmente, seu salário é de R$ 3.600 mensais.
O escândalo atinge seu ápice em 2022, quando Severino, sem qualquer conhecimento de construção, foi contratado como construtor de cisternas, recebendo R$ 8.625 por uma suposta cisterna no sítio Jardim, na zona rural de Carnaíba.
Moradores de Ibitiranga lamentam a situação e denunciam o uso do nome de Severino como laranja para movimentar mais de R$ 263.000 dos cofres públicos. O caso do gari não é isolado. Há também um caçambeiro recebendo R$ 6.640,00 mensais, acumulando R$ 80.000, e José Nilton, conhecido como Peba da Roça de Dentro, que recebe R$ 2.200 mensais sem trabalhar, totalizando R$ 55.000.
Essas sangrias já retiraram cerca de R$ 400.000 dos cofres públicos, enquanto a gestão atual prepara um empréstimo com a Caixa Econômica que vai gerar uma dívida para o município que chega a R$ 36 milhões. Se houvesse um controle mais rigoroso das finanças, o município poderia oferecer empregos dignos e gerar oportunidades para seus cidadãos.
O caso do “Gari Laranja” virou tema de indignação nas rodas de conversa em Ibitiranga, onde a população vê a situação como uma enorme injustiça contra um trabalhador honesto que, apesar de sua dedicação, não recebe nem um salário mínimo. A pergunta que ecoa em todos os cantos é: quem está por trás desse esquema vergonhoso?
É hora de as autoridades de Carnaíba tomarem uma atitude e darem uma resposta à população. Afinal, até quando o dinheiro público será desviado sem consequências? A sociedade clama por justiça e transparência, e casos como o de Severino não podem continuar sendo varridos para debaixo do tapete.