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Irmã Dorothy: CEDES conhece ações e projeto para a comunidade

A quarta reunião plenária do Conselho Estratégico de Desenvolvimento Econômico e Social (CEDES) aconteceu, de forma inédita, dentro da comunidade Irmã Dorothy, na Imbiribeira, na manhã desta terça-feira (22). O prefeito do Recife, João Campos, acompanhado do presidente do Conselho, Marcos Toscano, apresentou o projeto de urbanização e reordenamento social da Irmã Dorothy e outras três comunidades: Beira Maré, Nova Esperança e Aritana para os demais membros do Conselho. A ação será realizada por meio do Programa de Requalificação e Resiliência Urbana em Áreas de Vulnerabilidade Socioambiental – ProMorar, fruto de parceria entre a Prefeitura do Recife e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Com 1.536 famílias residentes e 2.800 pessoas identificadas, as quatro comunidades somam uma área total de 112.061m².

“É uma alegria grande a gente poder estar aqui. Fiz questão que a gente marcasse essa reunião, porque a gente discute as ações, mas é diferente fazer num local com ar condicionado e ir para o local onde a gente quer fazer o investimento e a transformação social. Aqui é uma área muito simbólica para a gente, que escolhemos como área inicial de intervenção. Esse projeto a gente já tinha e a gente conseguiu fazer operação de crédito com o BID. Com o ProMorar, a gente vai conseguir realizar medidas aqui e em outras 40 comunidades de interesse social como essa”, explicou o prefeito. “Vai ter grande impacto, não vai ser algo isolado. Aqui vai ser o nosso laboratório e, a partir dela, vamos aplicar em outras áreas. Vamos fazer urbanismo social, não é só a obra de pedra e cal. É um trabalho de escuta, de construção de projeto junto com a comunidade, esse é o grande diferencial”, acrescentou.

O CEDES tem o objetivo de impulsionar a escuta e trocar ideias para formulação de políticas públicas, para promover o desenvolvimento econômico, a garantia de proteção social e o enfrentamento às desigualdades na cidade. Durante a ida à comunidade Irmã Dorothy, gestores e conselheiros ouviram os responsáveis pela maior iniciativa de urbanização de áreas vulneráveis da história do Recife, o ProMorar. Lançado em setembro, o ProMorar é o maior ciclo de investimento da história da cidade na reconstrução de áreas atingidas pelas fortes chuvas deste ano e na urbanização de comunidades vulneráveis. O programa é oriundo de Lei sancionada para captação de crédito junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) no valor de US$ 260 milhões, cerca de R$ 1,3 bilhão.

A comunidade Irmã Dorothy foi a primeira a ser visitada pelo prefeito João Campos no início da sua gestão no ano passado. Com quase 18 anos de existência, residem no local cerca de 10 mil pessoas. “O prefeito decidiu, para a quarta reunião plenária do CEDES deste ano, em vez de fazer uma reunião tradicional em salão de hotel, convidar os membros do Conselho para uma visita de campo. A gente já havia falado sobre a questão fiscal e sobre a tratativa com o BID para a construção do programa ProMorar, e dessa vez ele quis mostrar, na prática, o que vai ser feito com a visita a área que compreende quatro comunidades – Irmã Dorothy, Beira da Maré, Nova Esperança e Aritana. Aqui, os membros puderam ver as comunidades que sofrem com a ausência de investimento público e puderam entender que o ProMorar vai entregar a parte de infraestrutura física, como drenagem, pavimentação, esgotamento sanitário, melhorias de acessibilidade e iluminação. Mas também vai promover todos os serviços sociais que uma comunidade de baixa renda precisa, como educação pública de qualidade, creche, Unidade Básica de Saúde e um equipamento para a juventude com ações e serviços para os jovens. E essa comunidade vai ser uma das primeiras beneficiadas do programa ProMorar”, detalhou Marcos Toscano.

Ainda durante a reunião expositiva do CEDES/Recife, a população local também foi ouvida. Na ocasião, o prefeito João Campos detalhou um pouco do projeto de Reordenamento Urbano das comunidades Beira da Maré, Nova Esperança e Aritana, localizadas às margens do Rio Capibaribe, numa cortina invisível, entre as avenidas Antônio Falcão e Marechal Mascarenhas de Morais, na Imbiribeira. A diarista Maria de Loudes Silva, 54 anos, mora há 10 anos na comunidade Irmã Dorothy. Ela participou de uma reunião da Prefeitura do Recife com os moradores e ficou feliz em saber das transformações que serão realizadas na área. “Aqui a gente não tem nem água. Então, esse projeto é muito bom. Vai ter calçamento e as crianças vão ter área de lazer. Vai ter creche mais próxima também, o que é ótimo para as mães irem trabalhar tranquilas”, opinou.

O fotógrafo Luiz Felipe Mendonça, de 29 anos, faz parte do colegiado da associação de moradores da comunidade Irmã Dorothy e também se demonstra feliz com a mudança que a localidade vai passar. “A expectativa da gente é grande porque são 18 anos esperando pela iniciativa do poder público. E dessa vez a gente viu que tem projeto, que foi apresentado para a comunidade, tem prazo e orçamento. A gente acredita que de fato vai ser feito. E a comunidade está ansiosa pelo início das obras para que a mudança de vida aconteça aqui dentro. A parte de drenagem e escoamento é a mais esperada. E também a Unidade Básica de Saúde”, comemorou.

O Projeto de Reordenamento Urbano beneficia comunidades de Comunidade de Interesse Social (CIS) e inseridas em Zona Especial de Interesse Social (ZEIS). Em áreas localizadas em Bolsão de pobreza com todos os tipos de dificuldades sociais, áreas de degradação ambiental exponencial e áreas que tenham precariedade no padrão construtivo das moradias. O projeto também inclui áreas com ausência de equipamentos públicos (educação, saúde, lazer e meio ambiente), áreas com ausência de sistema de abastecimento de água, coleta de esgoto e drenagem, além de localidades com precariedade no sistema viário (ruas, calçadas e outros). Também são contemplados locais com ausência de regulação no sistema de energia (distribuição, fornecimento e iluminação pública).

As comunidades Irmã Dorothy, Beira da Maré, Nova Esperança e Aritana, as quatro comunidades da área de intervenção, compõem as CIS do Recife e apresentam diversos desafios do ponto de vista social. Cerca de 35% dos chefes de família não têm ocupação profissional; as mulheres representam 61% dessa chefia; 44% dos dependentes familiares estão na faixa etária de 0-12 anos. E ainda, das famílias que informaram renda, mais de 80% recebem abaixo de 2 salários mínimos.

Diante dos números, a solução adequada à realidade das comunidades é baseada em cinco premissas urbanísticas: estruturação das vias principais para fluxo de veículos publico, construção de unidades habitacionais para realocar famílias em risco, além de mitigar a supressão de vegetação e os aterros junto ao Rio Jordão. Ainda como premissa urbanística, implantar infraestrutura de saneamento básico e incrementar a drenagem e a iluminação pública. E ainda, implantar equipamentos de saúde, educação e espaços de lazer. (Fotos: Alessandro Potter / PCR)


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