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Em reunião tensa, Maia diz que pode aceitar pedido de impeachment

Por Natuza Nery e Andréia Sadi

Uma reunião tensa na casa de Rodrigo Maia ocorreu na noite deste domingo (31). Nela, líderes e presidentes de partidos reagiram à informação de que o DEM abandonaria Baleia Rossi (MDB) para apoiar Arthur Lira.

O recado foi dado pelo presidente do DEM, ACM Neto.

Segundo relatos de presentes, Neto informou a Maia e aos demais que 16 deputados do partido haviam decidido votar em Arthur Lira, candidato do presidente Bolsonaro à presidência da Câmara. Com a debandada, Baleia ficaria com apenas 15 deputados, e sua candidatura sofreria uma espécie de tiro de misericórdia, já que o DEM sairia do bloco.

A reação foi enérgica.

Maia disse que, com esse golpe provocado pelo grupo de Bolsonaro, não teria outra alternativa a não ser aceitar um dos pedidos de impeachment contra o presidente da República — um pedido de impeachment só começa a tramitar se o presidente da Câmara assim decidir, cabendo solitariamente a ele este ato.

Maia deixa o comando da Casa nesta segunda-feira (1º).

Pressão
Políticos que estiveram na reunião aconselham Maia a autorizar não só um, mas todos os pedidos de impeachment que hoje estão na gaveta contra Bolsonaro.

Mas há um outro grupo de Maia defendendo que ele não aceite, que seria “casuísmo” fazer isso no apagar das luzes de sua gestão. “Não fez em dois anos, vai fazer agora no último minuto”, afirmam amigos do deputado.

Mesmo que esses pedidos não seguissem adiante, o desgaste para derrotar cada um deles seria significativo, avaliam alguns dos mais experientes políticos de Brasília.

Ainda caberia recurso ao plenário contra um eventual OK de Maia.

As chances de a base bolsonarista matar algo assim no nascedouro são grandes. Mas, ainda assim, o tema tomaria conta da pauta política.

Esquerda também reage
Representantes da esquerda presentes na reunião, entre eles o PT, também prometeram reagir.

Disseram eles: se o DEM desembarcasse, teriam que retirar apoio ao candidato do DEM, Rodrigo Pacheco, ao comando do Senado.

Sem os partidos de esquerda, a candidatura de Pacheco sairia da aparente zona de conforto e passaria a correr algum risco.

ACM Neto ouviu todas as reações e deixou a residência oficial do presidente da Câmara para reunir o comando do partido. Os integrantes da cúpula partidária acabaram optando pela neutralidade, algo que o grupo de Maia disse que não aceitaria.


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