Por: Maciel Melo.
No ermo do silencio, o medo. A esperança enfadada, e o futuro acentuando as manchas do passado. Vultos monstruosos surgem nos delírios de uma nação temerosa, que se enclausura tentando salvar a própria pele. Pele esta que, já por uma peinha de nada, pendura-se, nos fiapos de suas crenças, rogando a Deus misericórdia, benzendo-se três vezes ao dia.
Um muro é erguido pelas palavras toscas de um mentecapto que vomita sua arrogância todas as vezes em que abre a boca, para dizer, desordenadamente, qualquer coisa que fuja da razão. Enquanto isso, a insensatez vai às ruas, desobedecendo as recomendações da ciência, para alimentar o pior de todos os vírus: a ignorância.
A veinha da foice está batendo à sua porta; o invisível passeia livremente pelas ruas, à espera do primeiro transeunte sem focinheira que segue as orientações de um governo completamente desnorteado e genocida.
A morte pede passagem, a vassoura da estupidez varre o aceiro da estrada, enquanto assistimos ao caos pelas brechas da fechadura. É uma questão de dias a fome na periferia. Na rua, uma pandemia; no planalto, um pandemônio!
Mas e daí?
Daí que já são mais de onze mil mortos, sepultados sem direito a flores nem velas. Caixões lacrados, amontoados, corpos empilhados pelos corredores da morte, nos hospitais públicos, e o chefe da nação preparando arapucas e forrando o chão do palácio com os capachos milicianos, mais tenebrosos do país.
Esse não é o Brasil de Mãe Preta e Pai João.