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Espaço do Internauta

Por: Milton Oliveira

Mulher

Tenho deferência especial à mulher. Todas elas, sem distinção de classe social, estatura, cor da pele. E não é por mero capricho, sequer por particular interesse. Simplesmente por admiração e respeito.

Os sentimentos mais nobres e grandiosos do homem devem ser endereçados a esse ser magnífico. Tão superior que Deus deu ao homem uma mulher por mãe, e o homem tomou outra por esposa, outras por filhas e tantas mais por amigas.

Quando falo em sentimentos nobres, ainda não me referi ao amor que devemos ter por elas. Porque o amor é algo divino, próximo à perfeição, capaz de nos emprestar felicidade que não sabíamos existir em tanta intensidade, nos dar ânimo a crer numa força que não possuímos, num desejo que havíamos esquecido o ímpeto e sua doce loucura.

Somente a mulher e capaz de nos proporcionar essas maravilhosas transformações, porque ela é a personificação do amor.

Mas ela não é isso, apenas. (Sim, apenas, haja vista outros valores maiores que ela tem.) Ela é o caminho do homem. Outra direção não se tem além daquela que seus braços acolhem, seu corpo sacia, seus beijos restauram. É múltipla: esposa, mãe, amiga. De onde vem sua força, sua dignidade, seu empenho, não se sabe exatamente. Sabe-se, apenas, que ela é superior.

O homem não vive sem a mulher. Essa é a qualidade maior da fêmea? Ainda não. A mulher, somente ela, conserva em seu interior o sentido latente da existência, porque a ela foi dado o milagre de gerar outra vida. O homem é mero contribuinte. Evidentemente que, sem ele, a mulher não conseguiria gerar o fruto em seu ventre (e eu me pergunto: será que o homem já questionou qual seria o sentido de sua vida se nem para isso ele servisse?).

Sei de algumas amigas que acordam cedo, aprontam o café, dão banho nos filhos, alimenta-os, leva-os a escola.

O marido também acorda cedo, mas já encontra o café à mesa.

À noite, depois de cansativo dia de trabalho, elas chegam a casa e cuidam em aprontar o jantar. Depois, lavam o banheiro, varrem, passam pano no piso. Lavam e engomam uma porção de roupa. Aprontam o básico da alimentação da família para o dia seguinte. E, ao se deitarem, veem o marido, desinteressado do programa da televisão, deixar o sofá e vir para cama em busca de sexo. Ela não pode dizer que está cansada, a coluna dolorida, o corpo a pedir cama; a incompreensão é própria do homem.

Se a situação financeira da família não vai bem, a culpa é sempre da mulher. Pouco importa se ela reaproveita o que sobrou do almoço, a roupa do filho mais velho para o mais novo, elimina itens na relação da feira, desligar lâmpadas que o marido e os filhos deixaram ligadas, fechar a torneira da pia que alguém deixou aberta.

É obrigação da mulher, dizem os maridos. Elas não fazem quase nada, precisam compensar as despesas que dão.

Todas essas considerações preconceituosas não conseguem ofuscar a grandeza e a importância da mulher. Sua humildade somada à tenacidade do seu proceder bastam para conservá-la no degrau decima.

Sei que existem homens que se assustam com a realidade e trazem a mulher subjugada, razão de os noticiários alardearem tantas agressões dentro dos lares, tanta covardia em nome de falso amor.

Em algumas regiões do planeta a mediocridade imita o grotesco. Outro dia, lendo um livro do notável cronista potiguar Francisco de Assis Medeiros, encontrei registrado em sua obra 1 de que há hábito milenar no Egito, entre as pessoas do campo, onde o homem caminha na frente, montado em burricos, e a mulher vai atrás, carregando os filhos. E na região de El Alameiw, onde há obuses e minas enterrados na areia do deserto, as mulheres e as crianças vão à frente e o homem, atrás, montado no burrinho.

Em diversos países africanos impera a brutalidade contra a mulher e se tem por hábito mutilar-lhe a genitália, arrancando-lhe o clitóris e os lábios da vagina, para que ela não tenha prazer sexual. Noutros, impera a crença de que manter relações sexuais com uma virgem, cura o homem do HIV. Na Índia, a mulher é uma espécie de mercadoria, vive submissa ao marido, que se aproveita disso para torturá-la, queimá-la ou matá-la, sem sofrer punição alguma.

Lamentavelmente algumas civilizações antigas não conseguem evoluir e mantem-se no atraso requestado pela estupidez.

Para homenagear essas criaturas superiores, não preciso recorrer às vertentes da história nem às lideranças femininas que contribuíram para a melhoria do mundo, injetando mais liberdade, democracia, civilização e verdade por meio de suas atuações decisivas na sociedade. Basta recordar a dignidade de minha mãe, que me deu educação e me ensinou a respeitar o próximo. Minha esposa, pelo exercício de amor e a complementação dos meios anseios. Minhas filhas, prosseguimentos do meu corpo.

É incômodo, para alguns homens, ter de reconhecer a superioridade da mulher, aceitar que a sensibilidade da alma feminina suplanta a arrogância masculina. O que fazer? Então, não deixe que a fêmea seja mais inteligente que o macho; reconheça que não vive sem ela.

Ainda bem que, apesar de tudo que o homem impõe à sociedade, a realidade evidencia que somente um ser é capaz de se aproximar da perfeição: a mulher. E louvado seja o seu ciclo menstrual.

1 Francisco de Assis Medeiros, Narrativas Seridoenses, Vol. II, pág. 170, edição do autor: Natal, 2015.


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