Por Alexandro Martello e Cláudia Bomtempo, G1 e TV Globo — Brasília
A assessoria de Paulo Guedes, futuro ministro da Economia, anunciou nesta sexta-feira (23) a indicação de Salim Mattar para chefiar a Secretaria Geral de Desestatização no próximo mandato, que começa em janeiro do ano que vem. A secretaria ficará responsável pelas privatizações que serão realizadas pelo novo governo.
Formado em administração de empresas e conselheiro do Instituto Millenium, de orientação liberal, Mattar será responsável por comandar uma área considerada estratégica pela futura equipe econômica. Ele é diretor-geral de uma empresa de locação de carros e entusiasta da redução do tamanho do Estado.
O ministro da Economia na gestão Bolsonaro, Paulo Guedes, tem informado que pretende levar adiante uma série de privatizações para reduzir a dívida pública e, com isso, diminuir o volume de juros pagos pelo governo e, também, aumentar a confiança do mercado financeiro na economia.
Privatizações
No programa de governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, divulgado durante sua campanha, consta o projeto de “desmobilizar ativos públicos” (vender) para “resgatar” (abater) parte da dívida pública.
“Estimamos reduzir em 20% o volume da dívida por meio de privatizações, concessões, venda de propriedades imobiliárias da União e devolução de recursos em instituições financeiras oficiais que hoje são utilizados sem um benefício claro à população brasileira. Algumas estatais serão extintas, outras privatizadas e, em sua minoria, pelo caráter estratégico, serão preservadas”, informa o documento.
O programa de governo do PSL diz ainda que muitas empresas estatais “estiveram envolvidas em uma série de escândalos sobre desvios de recursos e ingerência política”.
“O debate sobre privatização, mais do que uma questão ideológica, visa a eficiência econômica, bem-estar e distribuição de renda. Temos que ter respeito com os pagadores de impostos”, diz o texto.
No começo de outubro, em entrevista à Rede TV, Bolsonaro falou que quer o “Estado necessário”.
“O PT criou aproximadamente 50 estatais. Quase todas elas serão privatizadas ou extintas. Mas temos que ter responsabilidade nas demais privatizações. Tem lá servidores e tem lá a função social das estatais”, disse ele.
Na mesma entrevista, afirmou que não vê “com bons olhos” privatizar a geração de energia no Brasil, ao contrário do governo do presidente Michel Temer, que propôs a privatização da Eletrobras. Paulo Guedes se disse favorável à privatização somente das distribuidoras da Eletrobras.
Bolsonaro afirmou que, se a Eletrobras for vendida para o “capital chinês”, não haveria privatização da empresa, mas “estatização” para a China.
“As questões de Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco do Nordeste, entre outros, a mesma coisa [que a Eletrobras]. Agora, temos muitas estatais que se pode realmente privatizar, são até lucrativas, mas temos que ter um modelo adequado, como por exemplo, o que foi feito com a Embraer no passado, a “golden share” [ação que garante poder de veto ao governo]”, disse Bolsonaro naquele momento.