Por Guilherme Mazui, Filipe Matoso e Flávia Foreque, G1 e TV Globo — Brasília
O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira (14) que o diplomata Ernesto Araújo será o novo ministro das Relações Exteriores.
Segundo Bolsonaro, Araújo é diplomata de carreira há 29 anos e um “brilhante intelectual”.
De acordo com o site do Itamaraty, Araújo é o atual diretor do Departamento dos Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos.
Bolsonaro já havia afirmado em entrevistas coletivas que o futuro ministro da pasta seria alguém da carreira.
O atual ministro da pasta, nomeado pelo presidente Michel Temer, é o senador licenciado Aloysio Nunes (PSDB-SP), que não é da carreira do Itamaraty.
Negócios ‘sem viés ideológico’
Após anunciar o nome de Ernesto Araújo pelo Twitter, Bolsonaro concedeu uma entrevista coletiva no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, onde funciona o gabinete de transição.
Na entrevista, disse ter escolhido o diplomata para o cargo pelo perfil de Araújo.
“Ele [futuro ministro] tem 29 anos no ministério, então é uma pessoa bastante experiente já, apesar de ser uma pessoa jovem, com 51 anos de idade”, afirmou o presidente eleito.
Disse reiteradas vezes, por exemplo, que incentivaria a China a “comprar no Brasil, não a comprar o Brasil”.
Novo ministro
Ao lado de Bolsonaro, Enersto Araújo disse que à frente do Itamaraty fará uma política “efetiva em função do interesse nacional”, tornando o Brasil um país “atuante”, “próspero” e “feliz”.
Questionado se pretende aproximar o Brasil de alguns países, respondeu:
“Sem preferências, temos relações excelentes com todos os parceiros para incrementar as parcerias em benefício de todos e do povo brasileiro, sobretudo”, afirmou.
Indagado nesse instante sobre como avalia as relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela, Araújo passou a palavra a Bolsonaro.
“Nós não podemos abandonar nossos irmãos, que estão numa situação bastante complicada. Mas o governo federal não pode deixar que apenas o governo de Roraima e o de Boa Vista, basicamente, resolvam este assunto”, declarou o presidente eleito.
Currículo
Araújo iniciou a carreira no Itamaraty em 1991. Há dois anos é diretor do Departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos Interamericanos do Itamaraty.
Com quase três décadas de carreira, chegou ao topo da hierarquia diplomática em junho deste ano, quando foi promovido a embaixador. Já atuou nas embaixadas do Brasil em Washington (EUA) e Ottawa (Canadá).
Em um blog pessoal, costuma fazer críticas ao PT e defender Bolsonaro.”O Whatsapp está ajudando Bolsonaro não porque empresas comprem pacotes de mensagens, mas porque o Whatsapp é um instrumento estupendo para liberdade de expressão, e a liberdade de expressão favorece Bolsonaro por uma margem de 100 a zero”, publicou o futuro ministro, por exemplo.
“O povo vem criando um novo Brasil. Já criou ao menos a imagem de um novo Brasil – um Brasil sem PT, sem crime, sem falsidade – e agora se prepara para alcançar essa imagem, para tocá-la e começar a vivê-la”, escreveu Araújo, em outro texto.
Temer no futuro governo
Durante a entrevista desta quarta-feira, Bolsonaro foi questionado se o presidente Michel Temer assumirá algum cargo no futuro governo.
Segundo a colunista do G1 Andréia Sadi, interlocutores de Temer tentam articular para o presidente assumir alguma embaixada após deixar o Palácio do Planalto.
“Não tenho conversação nenhuma com nenhum integrante do governo para conseguir uma embaixada fora do Brasil ou ocupar ministérios”, afirmou.
Bolsonado foi indagado, então, se está descartada a presença de Temer e do atual chanceler Aloysio Nunes no governo. Ao que respondeu:
“Quem estiver devendo para a Justiça não terá a mínima chance de continuar num governo meu. Quem não tiver devendo pode até conversar”.
Temer foi denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República à Justiça e é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal.
Ministros já anunciados
Além de Ernesto Araújo nas Relações Exteriores, o futuro governo já anunciou os seguintes ministros:
Paulo Guedes, economista (Economia);
Onyx Lorenzoni, deputado (Casa Civil);
Sérgio Moro, juiz (Justiça e Segurança Pública);
Augusto Heleno, general (Segurança Institucional);
Fernando Azevedo e Silva, general (Defesa);
Marcos Pontes, tenente-coronel (Ciência e Tecnologia);
Tereza Cristina, deputada (Agricultura).
Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro informou que o objetivo era reduzir o número de ministérios de 29 para “no máximo” 15. Mas, nesta terça (13), declarou que o número deve ficar entre 17 e 18.