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O esgarçamento entre Haddad e Bolsonaro, como previu Marina

Por: Renata Bezerra de Melo – Folha Política

No último debate promovido pela TV Globo antes do 1º turno, a, então, presidenciável Marina Silva provocou o candidato Fernando Haddad sobre a necessidade de uma autocrítica. O petista desconversou. Marina devolvera: “Você poderia reconhecer erros, pedir desculpas, mas você não faz. O Brasil está à beira de ir para o esgarçamento entre a sua candidatura e a de Bolsonaro. Temos que pensar em um projeto de País, não de poder”. Haddad passou a pincelar os “erros” no 2º turno. Em Pernambuco, anteontem, assinalou: “Entre erros e acertos, nosso governo foi o que mais fez pela vida das pessoas”. Ao agir como se não tivesse responsabilidade pelo antipetismo, o PT parece ter dado oxigênio ao adversário, Jair Bolsonaro. Ao isolar Ciro Gomes com a ajuda do PSB, os petistas geraram em Ciro a reação que ele adotou na reunião da Executiva Nacional, quando pedetistas decidiram pelo “apoio crítico” a Haddad. Ciro avisou, ali, segundo correligionários, que se submeteria ao que o partido decidisse, mas avisou não ter condição de sentar à mesa com dirigentes do PT após o esforço da sigla para inibir seu projeto. Ciro embarcou para a Europa, de onde só retornou ontem. Foi criticado por petistas e aliados pela viagem. O irmão dele, Cid Gomes, em ato pró-Haddad, cuidou de responsabilizar o PT por impulsionar Bolsonaro. “Quem criou o Bolsonaro foram essas figuras que acham que são donas da verdade, que acham que podem fazer tudo, que acham que os fins justificam os meios”, despejara Cid. Haddad investiu em contornar. No Recife, sapecou: “Até, minha mulher está com ciúmes de Ciro de tanto aceno que faço a ele”. Em política, o “timing” vale muito. E, nos 45 minutos do 2º tempo, acenar a Ciro pareceu insuficiente. O PT buscou, na reta final, compreensão para formação de uma frente democrática, pela qual não se interessou, outrora, quando Ciro tentara uma composição em torno de si. O PT, então, passou a campanha tendo que se explicar sobre erros, os quais optou por não admitir, assim como Bolsonaro gastou tempo a se explicar sobre declarações polêmicas suas e de interlocutores. Diz a máxima que, em política, tudo que é preciso explicar não é bom. O eleitor, agora, vai às urnas sob o signo do esgarçamento e sem ver o “projeto de País, não de poder”, como defendera Marina, se concretizar.


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