Com as galerias e o plenário da Câmara Municipal lotados de militantes e aliados, que gritavam ora “João Paulo prefeito”, ora “Fora Temer” e ora “Volta Dilma”, uma frente de partidos encabeçada pelo PT oficializou, em convenção, a chapa João Paulo/Silvio Costa Filho para a disputa pela Prefeitura do Recife.
Com discursos que remetiam à unidade das forças que apoiaram e defenderam o mandato da presidente Dilma Rousseff, os líderes exaltaram os 12 anos de gestão petista, período que antecedeu a atual administração ao prefeito Geraldo Julio no município.
À mesa estavam a vice-presidente do PT, deputada Teresa Leitão, os representantes do PRB – o deputado estadual Bispo Ossésio e Carlos Geraldo –, os presidentes estadual e municipal do PT, Bruno Ribeiro e Oscar Barreto, respectivamente, o senador Humberto Costa e Armando Monteiro Bisneto, representando o pai, o senador Armando Monteiro Neto. Também integraram a mesa, o deputado federal Silvio Costa (PTdoB) e o presidente estadual do PTB, deputado José Humberto.
Na plateia, vereadores e pré-candidatos à Câmara do Recife pela coligação, que reúne, além do PT e PRB, o PTB, PTdoB e o PTN.
Todos lembraram dos feitos da gestão do próprio João Paulo e do seu sucessor, João da Costa. Rompidos desde 2008, os dois selaram a paz com um abraço durante o discurso de João da Costa.
“Estão atacando um governo que reduziu as desigualdades no País e que tem a sua síntese no Recife. A palavra para tudo isso é uma só: unidade. Para derrubar o golpe e retomar os avanços dos oito anos de João Paulo”, declarou João da Costa.
Depois, muito emocionado, dirigiu-se a ao ex-prefeito: “João Paulo, nós vamos voltar em trincheiras diferentes. Nossas diferenças que existiram ou podem existir são menores do que os interesses do povo do Recife”. Neste momento, João Paulo levantou-se, abraçou o companheiro, momento festejado pelos presentes.
Antes do discurso de João Paulo, à espera do horário de 19h03, definido pelos astros, foi entoado no plenário a música “Vermelho”, de Fafá de Belém, música marcada pelas jornadas do PCdoB, antigo aliado e hoje integrante da chapa de Geraldo Julio, com o vice Luciano Siqueira.
“Não formos nós que tiramos o PCdoB. Eles é que optaram por isso”, afirmou João Paulo ainda no início do discurso, pouco depois de lembrar que faria com parceria com Teresa Leitão contra a candidata do PCdoB em Olinda. “Reconhecemos a luta da presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos na defesa de Dilma, mas nós seremos parceiros nas eleições, Teresa Leitão”, completou.
A João Paulo coube o discurso de comparação entre as gestões petistas e a sua. Aos aliados, as críticas mais contundentes ao atual prefeito e ao PSB.
o presidente estadual do PT, Bruno Ribeiro, fez um paralelo entre os candidatos Priscila Krause (DEM), Daniel Coelho (PSDB) e Geraldo Julio (PSB) e os ministros do Governo Temer para classificá-los de “golpistas que trabalham contra uma mulher honesta e digna”.
Entre tantos discursos, chamou atenção a fala do pai do vice na chapa. O deputado federal Silvio Costa, acostumado a roubar a cena com discursos ácidos e cortantes, foi conciso. Emocionado após ver a costura de semanas ser concluída, falou apenas um minuto. Criticou o PSB e o prefeito Geraldo Julio. Soubesse, depois, que como João Paulo tinha que falar exatamente às 19h03, que ainda tinham outros três oradores e que 20 minutos separavam o seu pronunciamento do que faria o cabeça de chapa, preferiu encurtar a fala de dois minutos a que tinha direito.
Tamanha economia de palavras de Silvio Costa obrigou a organização a fazer malabarismos para chegar ao horário marcado por João Paulo. Para fazer hora, valeram música, gritos de guerra e muitos acenos de João Paulo, já no púlpito. Foi ganhando tempo até que uma assessora sussurrou no ouvido: 19h03. Só então começou. (Por Márcio Didier -editor do Blog da Folha)
