2016 começou domingo – Parte 1
Em política não se dorme, já se sabe. E cada eleição é um prenúncio da próxima. Pois sim, o resultado das eleições de domingo deflagrou o início das eleições de 2016. Pelo menos nos estados onde não haverá segundo turno pra governador e mesmo havendo segundo turno para presidente.
É que em 2016 as eleições são provincianas, logo, valem mais as forças locais. Assim, mostra-se mais forte localmente, por exemplo, a liderança que não viu seu presidente eleito, mas o viu vencer em seu município. Vale o mesmo para governador, senador e deputados, com mais atenção ainda para estes últimos.
Em Afogados da Ingazeira ratifica este pensamento a declaração pública do ex-prefeito Totonho Valadares de que agora o grupo dele é um e o do prefeito José Patriota é outro. Veja-se que ambos tem suas parcelas nas vitórias locais de Paulo Câmara (governador), Fernando Bezerra Coelho (senador) e Gonzaga Patriota (deputado federal), assim como na derrota local de Marina Silva (presidente).
O ponto divergente entre eles foi o deputado estadual: o ex foi de Waldemar Borges – eleito, mas quarto colocado em Afogados com 1.638 votos – enquanto o atual foi de Anchieta Patriota – não eleito, mas majoritário no município com 5.906 votos.
Paralela a esse desacordo, Aline Mariano defendeu o título de candidata da terra junto ao legado da família e, embora não tenha sido eleita, emplacou a 3a colocação local com 2.006 votos. Ficou à frente, portanto, do candidato de Valadares e levou votos que poderiam ser do candidato de Patriota, já que teve em sua linha de frente influentes membros do governo e da Frente Popular, a exemplo do secretário de governo, Heleno Mariano, e do vereador presidente da câmara, Augusto Martins.
Aline ainda firmou dobradinha local com Tadeu Alencar e assim conta também com sua parcela nas votações de Paulo Câmara e Fernando Bezerra.
Já a vice-prefeita Lúcia Moura apoiou Ângelo Ferreira para deputado estadual. A votação dele por aqui foi tão tímida quanto a campanha: 392 votos. Ângelo foi, no entanto, reeleito e mostrou força após perder um bom eleitorado obtido no Pajeú em 2006 e 2010.
Pois é, a Frente Popular de Afogados da Ingazeira não falou a mesma língua em 2014 e todos saem dessas eleições, igualmente, fortalecidos e enfraquecidos. Claro que isto não define o cenário das próximas eleições municipais, mas que 2016 começou domingo, isto é fato.
Alexandre Morais – Jornalista
