Escolhido candidato ao governo mineiro de última hora a pedido de Eduardo Campos, que precisava de um palanque no Estado na disputa presidencial, o ex-deputado e ex-prefeito de Juiz de Fora Tarcísio Delgado diz que o PSB não cumpriu a promessa de ajudar financeiramente sua campanha. Por falta de dinheiro, ele, que está em terceiro lugar nas pesquisas com 3% das intenções de voto de acordo com levantamento do Ibope divulgado ontem, diz que praticamente “não fez campanha”.
“A verdade é que eu não tive campanha. Não há um cavalete sequer meu na capital e até 20 dias atrás eu não tinha nem panfleto”, disse Tarcísio. Ele afirma que, quando foi convidado para entrar na disputa, ouviu de Campos a promessa de que o diretório nacional do partido o ajudaria.
“Eu nem sonhava em ser candidato quando o Eduardo Campos me chamou para conversar. Isso faz pouco mais de dois meses. Fui a Brasília como advogado tratar de um assunto de um cliente meu. O ex-governador me chamou para jantar e me falou: ‘Não tenho candidato em Minas e preciso de um palanque lá. Não é possível ficar sem'”, conta.
Delgado respondeu então que não tinha “um tostão” para fazer campanha nem tinha como arrecadar. “Lembro das palavras dele como se fosse hoje: ‘Nós também não somos ricos, mas a direção nacional vai arranjar recurso para o essencial’.”
O essencial, diz o pessebista, seriam cavaletes, panfletos, cabos eleitorais e um avião para rodar o Estado. “Não dá para fazer campanha sem avião em Minas, mas eu tive que fazer praticamente tudo de carro. Só usei avião uma vez.”
O candidato lembra que 20 dias depois dessa conversa, Eduardo Campos morreu em um acidente aéreo. “Depois disso, a ajuda não veio como ele (Campos) tinha combinado. Veio muito menos dinheiro.”
Para conter gastos e atingir um patamar de “pelo menos” 6% ou 7% dos votos, Delgado decidiu passar os últimos dias de campanha em sua terra natal, Juiz de Fora. Questionado sobre a proximidade de seu filho, Júlio Delgado, deputado do PSB, com Aécio Neves, candidato do PSDB à Presidência, Tarcísio diz que a relação dos dois é de amizade e não política. “O Aécio é muito ruim de política. Ele é muito incompetente.”
Seu adversário na disputa, o tucano Pimenta da Veiga, que é chamado de “amigo”, também é alvo das críticas. “Sou muito amigo do Pimenta, mas a escolha dele como candidato foi um desastre. Foi mais um desastre do Aécio. Tinham que ter escolhido alguém que estivesse militando aqui, e não o Pimenta, que se isolou em Brasília. Certamente os colegas preteridos não ficaram satisfeitos.”