É preciso que o nosso eleitorado esteja muito consciente do voto que irá depositar nas urnas em 05/10 – do presidente da República ao deputado estadual ou distrital. Esse procedimento parece simples, mas, atrás de cada deslize que cometemos, vem-nos um arrependimento de quatro anos e, consequentemente, vamos adiando o sonho de dias melhores.
Vale ressaltar que serão as primeiras eleições gerais sob a vigência da Lei da Ficha Limpa. O cerne da questão é: até que ponto o eleitor está tranqüilo de que esse será um pleito limpo, à parte a lisura do processo em si, com a votação e a apuração dos votos há anos conduzidas sob extremo controle pela Justiça Eleitoral do país?
Conforme reportagem que vi recentemente, as dúvidas já começam pela articulação das alianças, com os tantos interesses em jogo, incluindo a distribuição do tempo de propaganda no rádio e na televisão. Seguem com a arrecadação de verbas e a prestação de contas das campanhas, portas de entrada da corrupção, de controle praticamente fictício. Basta verificar a quantidade de casos de desvios apurados em operações executadas pela Polícia Federal.
Conhecido o resultado das urnas, a montagem dos governos, com a livre nomeação de cargos comissionados, é outro problema histórico. E por aí vai, numa escalada sem fim enquanto o Brasil galga vergonhosos degraus no ranking da ONG Transparência Internacional que mede a percepção da corrupção em 177 países. Ali figuramos no 72 o lugar entre as nações menos corruptas.
A praga da corrupção faz mais do que tirar dinheiro da saúde, da educação, da segurança e dos transportes, para citar quatro áreas essenciais da administração pública, que mais de perto afligem os direitos do cidadão. Ela também violenta a iniciativa privada. Ao encarecer o investimento, com a propina acrescentada ao orçamento das obras, rouba a competitividade do empresariado, desestimula os negócios, reduz a oferta de emprego.
Ninguém é tão ingênuo ao ponto de acreditar que um arcabouço legal, por eficiente que possa parecer, seja capaz de acabar com a corrupção no Brasil. Mas, conforme sugerido no início das nossas considerações, o eleitor tem um papel decisivo e essa arma chamada “voto”, se bem municiada, poderá fazer uma grande diferença.
Danizete Siqueira de Lima