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DEPOIMENTO DO GOVERNADOR JOÃO LYRA NETO SOBRE O ESCULTOR ABELARDO DA HORA

Perdemos mais um filho ilustre e um dos maiores nomes das artes brasileiras. Aos 90 anos, ainda lúcido e ativo, Abelardo da Hora continuava sua extensa obra iniciada desde os anos 1940, quando começou a moldar suas primeiras peças na Escola de Belas Artes do Recife. Sua obra se caracterizou com o compromisso com o povo: uma galeria de arte a céu aberto. Espalhou sua criatividade por ruas avenidas, prédios públicos, bancos, hotéis, hospitais  e edifícios residenciais. Um arte feita com amor e paixão que fazem parte do cotidiano dos pernambucanos.

Abelardo da Hora deixa um legado também na militância política em favor dos mais pobres da nossa sociedade, causa que sempre se comprometeu, utilizando seu trabalho como forma de contribuição para a melhoria da sociedade. Um artista politicamente combativo e fortemente defensor do povo.

Com essa visão, na gestão do então prefeito do Recife, Miguel Arraes de Alencar, foi um dos idealizadores do Movimento de Cultura Popular (MCP), Nesta mesma época, fez 22 desenhos sobre a situação de miséria da cidade. Era o álbum “Meninos do Recife”, sobre a fome e a pobreza que esses meninos viviam. Preso pela ditadura mais de 70 vezes, teve os 500 exemplares desse álbum queimados e suas esculturas destruídas pelos militares, uma delas um monumento em homenagem às Ligas Camponesas, erguida no Engenho Galiléia, em Vitória de Santo Antão

Sua trajetória política sempre esteve ao lado da Frente Popular de Pernambuco, não só com Miguel Arraes, mas até os dias atuais, com seu neto, o ex-governador Eduardo Campos. Já neste governo, Abelardo foi convocado para deixar o seu talento nos três hospitais metropolitanos (Miguel Arraes, Dom Helder Câmara e Pelópidas da Silveira) construídos em Pernambuco, no período em que fui secretário de Saúde.

Sua última grande obra, a escultura em bronze polido “O Artilheiro” embeleza a Arena Pernambuco, entregue no dia do aniversário do artista, 31 de julho deste ano, em São Lourenço da Mata, onde Abelardo nasceu.

Decretei luto oficial de três dias no Estado. Pernambuco perdeu um dos seus maiores artistas, mas o povo pernambucano continuará sempre em contato com sua grandiosa obra.


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