Choque no bolso do consumidor
Qualquer brasileiro com um mínimo de sensatez observa que o País passa por dificuldades no setor energético, notadamente pela escassez das chuvas nos últimos meses, forçando a alternativa da energia gerada via termelétricas, a qual, além de custar muito caro, sobrecarrega o abastecimento e deixa a população inquieta quando se preveem os tão temidos apagões. A verdade é que o problema vem se arrastando há algum tempo e não sabemos onde vai parar.
À medida que as informações vão surgindo, os analistas começam a refazer algumas contas sobre o quanto vai nos custar realmente a crise que o País vive no setor elétrico, e qual a tarifa que o consumidor será chamado a pagar a partir do próximo ano.
Sobre esse assunto, chamou-me a atenção uma matéria que circulou no caderno de economia do Jornal do Comércio, no início do mês, quando diz que “essa é uma despesa que foi criada pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff em 2012, quando inventou de antecipar o fim das concessões das empresas de energia e promoveu uma redução de 20% nas contas, mesmo sabendo que as geradoras de energia dos estados de Minas, Rio de Janeiro e São Paulo não aderiam à proposta. Mas a vida seguiu e a conta está começando a se desenhar”.
Começamos o mês de agosto com uma informação do Banco JP Morgan prevendo que as despesas com a crise energética no Brasil vão nos custar R$ 66 bilhões e que vão impactar em 29% de reajuste na média a partir de 2015. Só com térmicas, a conta será de R$28,9 bilhões. O JP Morgan faz uma conta de que neste ano não foram repassados às contas 18,5% de aumento dos custos que, de alguma forma, virão nas contas do ano que vem.
Em razão desses dados, o nível de preocupação no setor elétrico cresceu tanto que o debate agora não é se vai faltar energia, mas se o cliente final terá condições de arcar com todos os reajustes estabelecidos. O risco da inadimplência pode provocar uma onda de desobediência civil em que as pessoas deixariam de pagar a conta, tornando impossível às concessionárias fazerem todos os desligamentos.
Pelo sim, pelo não, é bom começarmos a rezar para que os dados do Banco não se concretizem, mas, pelo andar da carruagem, as faturas das contas de energia elétrica a partir de janeiro do ano vindouro deverão provocar um grande choque no bolso dos consumidores.
Por: Danizete Siqueira de Lima