É preciso mais
Com tanto já dito e escrito, talvez meu silêncio falasse melhor. Mas provocado pela recebida do amigo Elias Silva, senti-me na obrigação de falar. Ou de escrever. Porque sobre Eduardo é preciso sempre mais.
A foto é de 2006, no lançamento da primeira candidatura dele a Governador. Fomos em caravana a Petrolina e ali já sabíamos do quanto Eduardo era capaz.
Eu, na verdade, já nutria uma admiração mais antiga, de 10 anos antes, quando trabalhei com ele na Secretaria da Fazenda de Pernambuco. Estava ali um estagiário de jornalismo atento ao novo e ao tudo e já enxergando em Eduardo um cara diferente. Entre seus destaques, o de ser acessível espantou-me. Não a postura em si, mas pelas reações dos colegas de faculdade quando eu falava sobre o fácil contato com o “chefe”. Admirados, relatavam que poucos eram os que mantinham contato direto com seus assessorados.
Além de estar, eu cresci muito ali. Aquele período foi um dos mais difíceis para ele: Pernambuco enfrentou a primeira greve da Polícia Militar e em seguida houve um bombardeio contra si que extrapolou as esferas da política e do bom senso. O mote era a operação dos precatórios. Nós, na imprensa, sofríamos com cargas diárias de notícias negativas. Ele, convicto, a tudo recebia e respondia com temperança.
Eu vi e ouvi muito. Vi muita gente se afastar dele e de Doutor Arraes por conta daquele episódio. Vi e ouvi muitos mais ainda usarem do oportunismo e do ridículo para, como definiram alguns, “enterrar Arraes e Eduardo de uma tacada só”.
A justiça e o tempo mostraram que a operação foi legal. Eduardo foi deputado federal e Governador por dois mandatos e novamente o tempo mostrou suas capacidades. Inclusive a capacidade de perdoar e receber em seu abraço muitos dos que o atacaram com todo o fervor dos maus.
O acompanhando em todas, desde aquele tempo de estágio, comemorei seu casamento político com Marina Silva. Renovei naquele momento muitas das minhas esperanças quase mortas. Até voltei a acompanhar o noticiário político. E, como todos que já haviam entendido, estava ansioso pelo Brasil anunciado por ele. Um Brasil que não desconstrói o que foi bem construído por uns, por outros e por tantos. Mas que revigora o prazer de ser brasileiro.
Eduardo esteve entre os bons. Como está agora. Como ficará para a história.
Alexandre Morais é jornalista e poeta