Pelo menos catorze manifestantes procuraram o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), no Centro Recife, nesta terça (17), para pedir providências ao órgão sobre a violência sofrida durante a reintegração de posse realizada pela PM do terreno do Cais José Estelita, bairro de São José, área central da cidade. Todos foram encaminhados ao Instituto de Medicina Legal (IML) para passar por perícia traumatológica, medida que preservaria a prova de um possível delito cometido pelos policiais durante a ação, na manhã desta terça.
Três pessoas, entre elas dois homens e uma mulher, foram ao MPPE ainda pela manhã e registraram denúncias durante o expediente normal do órgão. “Eu vi que eles tinham escoriações e hematomas no corpo. Disseram que os ferimentos foram provocados durante e reintegração. Eles estavam acampados e, no relato deles, a PM não teria dialogado e já foi colocando para fora”, disse o promotor Marco Aurélio Farias da Silva.
Outros dois rapazes procuraram a MPPE por volta das 16h, e o fato já foi registrado no plantão ordinário. “Eles contaram que estavam do lado de fora do terreno, no início da tarde, quando teve um incidente com o [Batalhão de] Choque, que teria agido para dispersar uma reunião que eles estavam fazendo na rua. Em um deles, eu cheguei a ver três ou quatro marcas de ferimento, possivelmente, feitas por bala de borracha”, explicou o promotor Charles Lima.
Um dos manifestantes contou que um grupo de 8 a 10 pessoas foi agredido durante a ação da PM. “A gente estava na altura do Clube Líbano [no Pina], e a polícia chegou pela rua de trás, perto do Bargaço. Começaram a atirar, com balas de borracha, e a usar bombas de gás. Tentamos entrar no restaurante, mas o segurança não permitiu. Vimos que mais à frente tem o acesso de funcionários e uma funcionária deixou aberto, todo mundo entrou. Não era no salão, mas uma área reservada, como um dormitório. Aí vem o segurança do Bargaço, o mesmo que tinha barrado a gente antes, trazendo a polícia e dizendo: ‘não é funcionário, não’.
Eles [os policiais] fizeram um corredor polonês e começaram a bater em todo mundo até a gente sair de lá. Tapa na cara, cassetete nas costas, murro na cabeça”, relatou Rodrigo Coutinho. Por telefone, a gerência do Bargaço negou ao G1 ter ocorrido tumulto nas dependências do estabelecimento.