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OPINIÃO DO PERNINHA

Recife jamais será mais a mesma
Dezembro, por tradição, é um mês marcante em nosso calendário, em virtude da grande festa onde comemoramos o nascimento do Redentor da raça humana e, em 24/12, os sinos repicam mais forte e a humanidade se curva para comemorar o Natal – esta data magna da cristandade
quando o verbo se fez carne e habitou entre nós – .
E foi neste mês de festa e muita alegria que uma trágica notícia veio abalar o nosso estado e, por que não dizer, o nosso querido Brasil. Às 9.25h do dia 20/12, o Rei do Brega que tinha um câncer de pulmão, diagnosticado há dez dias, dava o seu último suspiro no Memorial São José, em nossa capital. Fumante inveterado desde a juventude, quando procurou a emergência do hospital, os médicos desconfiaram do diagnóstico que viria a se confirmar com a biópsia, três dias depois. O câncer no pulmão estava muito avançado e a metástase já tinha tomado conta de vários órgãos. 
Perdemos um rei e a música popular brasileira sem distinção de raça, gênero, classe social ou pudor perdeu um dos seus mais sinceros e íntegros representantes. O recifense Reginaldo Rossi, 70 anos, cantou suas músicas românticas, apaixonadas (algumas, sim, bregas, cafonas), e em seus rocks, iê-iê-iês e boleros, encantou toda uma geração que o conheceu, com raríssimas exceções para alguns puristas e elitistas, que não admitem publicamente o talento de Rossi.
Em setembro deste ano, em entrevista ao portal Na Mira, de Imperatriz (MA), questionado sobre uma possível aposentadoria, foi enfático: “Emoções, decepções, alegrias, tristezas… Minha carreira foi marcada por um punhado de coisas, afinal, são quase 50 anos de estrada. (…) Estou cansado, são muitas viagens, então, acho que está chegando a hora de parar.”
Tão logo souberam da sua morte, o governador Eduardo Campos e o prefeito Geraldo Júlio decretaram luto de três dias. À medida que a notícia se espalhava, as imediações do hospital eram ocupadas por fãs e transeuntes que queriam maiores informações. É como se ninguém estivesse preparado para receber a notícia mais triste deste fim de ano.
O corpo do cantor foi transferido no início da noite para a Assembleia Legislativa, onde foi velado por milhares de fãs de todas as idades, que queriam dar o seu último adeus ao rei do brega, como ele próprio se auto intitulava. Os profissionais que acompanharam o artista no hospital guardarão uma imagem carinhosa de Reginaldo Rossi, que havia sido atração de uma grande festa da empresa há 15 anos. “Logo que ele chegou ao hospital, procuramos trata-lo com carinho. Quem nunca cantou ou dançou ao som de suas músicas numa festa”, disse aos jornalistas, Ana Amélia Bezerra, coordenadora da fisioterapia respiratória do Memorial São José.
Com um riquíssimo repertório em sua carreira, o rei colecionou sucessos como: Em plena lua de mel, Leviana, Garçom, A Raposa e as Uvas, Recife, Minha cidade (que chegou a ser explorada em campanhas políticas), Na hora do adeus, O Dia do Corno, Deixa de Banca (Le Cornihons) e tantos outros sucessos que mexiam com o seu público nas suas apresentações por esse imenso Brasil.
A grande verdade é que o Brasil está de luto desde 20/12 e, Pernambuco – com exclusividade- lamenta a morte do artista. “Hoje choram garçons. Choram, levianas, gitanas, mulheres e homens fiéis, infiéis, traídos, e até as raposas. Choram por aquele que amou e se entregou de um jeito que ninguém jamais se entregou”, conforme sentenciou o Jornal do Comércio em matéria especial publicada no dia seguinte à sua morte.
Por isso, não é exagero alguém dizer que Reginaldo Rossi é desses fenômenos populares duradouros, eternos. É esse ídolo que ao partir, faz Pernambuco chorar, inconsolado com o seu súbito desaparecimento, deixando o Brasil menos apaixonado.


Danizete Siqueira de Lima
Recife-PE – dezembro de 2013.


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