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OPINIÃO DO PERNINHA

A revolta das ruas
Após uma trégua nas manifestações a que assistimos por esse Brasil afora, é necessário que façamos algumas indagações: 1- Será que esse gigante que chamamos de “povo” acordou de verdade? 2 – As mensagens transmitidas chegaram as fontes desejadas? 3- De que forma o governo dará suas respostas aos anseios da população? 4- Quando teremos novas investidas?
É salutar para a nossa democracia que o gigante não se deixe adormecer. À parte os vandalismos e a violência, rejeitados pela absoluta maioria (e que devem ser severamente reprimidos), as ruas falaram. E de forma tão inesperada quanto magnífica. Mas entenderá muito mal esse clamor quem não enxergar a sua essência. Que é a denúncia da representação, a péssima representação política que temos hoje no Brasil, tanto que as bandeiras dos partidos políticos foram expressamente alijadas dos protestos.
A revolta não foi feita somente sem os partidos; foi feita sobretudo contra eles, contra os políticos. Todas as demais reivindicações giram em torno dessa insatisfação e, de fato, dependem dela. E o pior que pode acontecer é, em nome da óbvia necessidade da representação (contra o anarquismo de imaginar que o povo não precisa de partidos políticos), defender a manutenção da representação como aí está, sem nenhuma reforma profunda.
Segundo o professor universitário José Luiz Delgado, em recente matéria, “o País está farto dos políticos – bem entendido: desses que estão aí (ressalvadas raras exceções). Esses que se consideram uma casta à parte e se permitem todos os privilégios, todas as mordomias e todas as corrupções. Portanto a reforma de que necessita é a reforma dos políticos. Mas esta começa pela reforma da política, ou pelo menos de institutos e instrumentos, que podem fazer aparecer políticos melhores”.
Assim sendo, já passou da hora de promovermos uma reforma política amplamente discutida com a sociedade, passando por uma drástica redução na quantidade de senadores, deputados federais e estaduais, vereadores, enfim, tudo que se faz necessário ao ajuste financeiro e equilíbrio com os gastos públicos.
Não vemos em nenhum país do mundo a quantidade de políticos que temos por aqui. Para se ter uma ideia, são 81 senadores (03 por estado), 513 deputados federias e outro absurdo de deputados estaduais que variam de acordo com cada unidade federativa; Pernambuco, por exemplo, tem 49 cadeiras. São ovos demais para pouco omelete. E o pior de tudo são os abusos.
Vejam o que mostra o Portal da Transparência sobre o nosso Senado: em tempos de vacas magras para brasileiros “normais”, a crise econômica parece ter passado longe do Senado. Desde que tomaram posse em 2011, senadores já torraram mais de R$ 53,2 milhões em cotas para exercício da atividade parlamentar, o famoso “cotão”. Segundo dados do Portal, só em divulgação do mandato e consultorias os gastos ultrapassam os R$13,3 milhões. As passagens aéreas ocupam o segundo lugar no ranking dos principais gastos dos senadores: beiram os R$ 13 milhões.
Despesas com 39 ministérios somam R$ 611 bilhões por ano. Destes, R$ 192 bilhões pagam 984.330 funcionários. Havia 24 pastas no governo Fernando Henrique. Lula criou mais 11  ministérios, e Dilma Rousseff achando que eram insuficientes, criou mais quatro. A quantidade de cargos de confiança é a maior desde 1997: 22.417.
Esses dois exemplos que citei com o Senado e os Ministérios servem de amostragem para sentirmos quanto dinheiro é torrado às custas do trabalhador brasileiro. Mas, por curiosidade, deem uma olhadinha nos gastos com o Congresso Nacional. Ali, temos 513 crianças brincando de gastar real sem o menor pudor. E ainda temos que escutar que faltam verbas públicas para as prioridades básicas como: educação, saúde, moradia e segurança. Mas tem que faltar; caso  contrário não sobraria para “eles”. 
Entenderam por que a reforma política se arrasta há tanto tempo e essa casta de privilegiados não tem a menor pretensão de promovê-la?
É por isso que volto a insistir: que durmam os políticos, mas esse gigante chamado “povo” tem que continuar vigilante.
Por: Danizete Siqueira de Lima.

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