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OPINIÃO DO PERNINHA

Torcidas organizadas
Com o título de bandido não é torcedor, aqui neste espaço foi publicada uma crônica nossa em 15.05.2013, onde alertávamos sobre a possibilidade de as autoridades envolvidas diretamente com o assunto das torcidas organizadas deixarem as coisas adormecer pelo simples fato de ter acabado o campeonato pernambucano. Dizíamos, ainda, da nossa preocupação com os jogos pela Copa das Confederações, quando o Recife iria receber milhares de torcedores de outras capitais, e até de outros países.
Mesmo não tendo bola de cristal até parece que estávamos adivinhando. Mas não é bem isso. É que pela experiência sabemos que aqui em nosso País as coisas caminham de forma diferente e Pernambuco sendo membro desse corpo não fugiria à regra.
Se não vejamos: Com as bênçãos da Federação Pernambucana de Futebol (FPF), as torcidas organizadas, maiores responsáveis pela violência dentro e fora dos estádios de futebol, foram autorizadas a regressar aos jogos. No dia da audiência de conciliação, a FPF, autora da ação, não compareceu, e o caso foi encerrado.
Como é que se concebe tamanha incoerência? Você move uma ação por determinada causa e no dia da audiência simplesmente não comparece. Pior para os verdadeiros torcedores, que terão que se arriscar mais para sair de suas casas, na certeza da insegurança que não se atenua com a presença maciça de policiais nos arredores dos campos, ou com a escolta das organizadas em dias de clássico. O medo é o mesmo porque a violência no futebol de Pernambuco se repete, seja qual for o aparato repressor.
As três maiores torcidas uniformizadas da capital – a Inferno Coral, do Santa Cruz, a Fanáutico, do Náutico, e a jovem, do Sport-  são conhecidas por depredar ônibus e automóveis, promover arrastões e assaltos, além de protagonizar cenas de guerra ao se encontrarem para brigar, em locais de grande movimento, como a Praça do Derby e a Avenida Conde da Boa Vista. Essa liberação pelo Tribunal de Justiça acontece quatro meses depois de as organizadas terem sido proibidas de entrar nos estádios.
A omissão da FPF no caso é surpreendente. O efeito imediato do retorno dos baderneiros é ruim para o esporte no Estado – e por via de consequência, para o futuro das competições geridas pela FPF. O não comparecimento da FPF, no mínimo, não pegou bem. A entidade teria que zelar, ao lado das autoridades, pela ordem e pelas condições de segurança necessárias para os torcedores que não pertencem a facções criminosas e apenas desejam prestigiar o time do coração.
Enquanto o jovem Lucas, torcedor alvirrubro alvejado por uma bala em plena Avenida Rosa e Silva, em março, em frente à sede do clube ainda luta pela vida, internado no Hospital Português, respirando com a ajuda de aparelhos urge que façamos a seguinte pergunta: Quantos Lucas terão que ser sacrificados para que a sensibilidade toque os corações das autoridades? Será que alguém se considera imune a esse tipo de atentado ou essas autoridades não têm parentes que frequentam os nossos estádios?
O certo mesmo é que o jogo da polêmica está longe do término. O afastamento das organizadas não acaba com a violência, mas é uma medida que não pode ser desprezada. O promotor Ricardo Coelho, do Ministério Público de Pernambuco, emitiu recomendação para a Polícia Militar, a CBF e a própria FPF, solicitando a continuidade da proibição das organizadas nos estádios. Há um processo do MP em trâmite na Fazenda Pública a respeito da extinção das torcidas, mas não há previsão de conclusão.
Enquanto convivemos com o descaso e as frouxidões da Lei, as organizadas travestidas de torcedores, vestirão as camisas dos seus clubes e, sabendo que estão cobertas com o manto da impunidade, voltarão com sua força máxima aterrorizando a todos, coisa que já virou rotina no futebol pernambucano, principalmente em dias de clássicos.
Por: Danizete Siqueira de Lima

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