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OPINIÃO DO PERNINHA

A seca e a copa

O Brasil é de fato o País dos contrastes, o que nos leva a fazer um paradoxo entre a seca e a Copa do Mundo. Se não vejamos: semana retrasada, a Casa Civil da Presidência da República, pressionada pela falta de ração para o gado no Nordeste, determinou que, a partir de 2 de maio, 103 mil toneladas de milho fossem entregues nos portos da região, sendo que Pernambuco deveria receber 25 mil toneladas. Detalhe: o milho deveria ser comprado pela Conab em 17.04.2013.
Na prática, isso queria dizer que o governo federal estava contando que compraria mais de 100 mil toneladas de milho, contrataria um navio de cabotagem para receber o produto até segunda feira (22/04), que poderia embarcá-lo num porto do Sudeste e concluir a entrega até o dia 2 de maio em pelo menos cinco portos do Nordeste.
Isso me fez lembrar o humorista José Simão, quando diz que “ o Brasil é o País da piada pronta”.
Querer resolver uma equação dessas num prazo de 14 dias, em uma época em que falta vaga nos portos para exportação de soja e ainda mais em um País em que, por tradição, as linhas de cabotagem são escassas, é no mínimo ridículo.
Não sem motivo o fracasso foi total no primeiro leilão da Conab, onde seria feita a compra do produto. A assessoria de comunicação da Empresa em Brasília informou que os vendedores consideraram curto o tempo determinado pelo governo federal para a entrega do milho. Depois do leilão (que não houve), a diretoria da Conab se reuniu para discutir uma solução. A expectativa é que um novo leilão seja realizado num prazo de oito dias, mas será necessário mudar as regras para atrair o interesse dos vendedores.
Diante disso tudo, perguntamos: cadê o planejamento? Se tivessem pensado nesse milho para o gado que já morreu, talvez conseguíssemos salvar aqueles que ainda teimam em resistir. Mas, parece proposital, as coisas sempre chegam tarde demais para o Nordeste – quando chegam . Alguém consegue explicar tanto descaso? 
Tenho 56 anos de idade e nunca vi nada parecido. O pior é que a danada da seca é anunciada com a devida antecedência e com uma margem de erro próxima de zero. Os Institutos Meteorológicos estão aí cumprindo o seu papel quando essa corja de “maus administradores” juntamente aos seus assessores, secretários e oportunistas de plantão viram as costas para toda problemática num total desrespeito a esse povo sofrido e órfão de Pai e Mãe, que só é lembrado de dois em dois anos quando surgem os pilantras à caça de votos.
Volto a insistir: se essas mazelas recebessem o tratamento que está sendo dado às obras para realização da Copa, a exemplo da Arena aqui em São Lourenço da Mata, onde o governador esteve recentemente posando para fotos em um banco de reservas do estádio; de Fortaleza, onde o Sport Clube do Recife jogou na reabertura do Castelão; do Mané Garrincha em Brasília, com denúncias de obras super faturadas e que é visitado com frequência para acompanhamento e fiscalização, e outros localizados nos estados que fazem parte do roteiro da Copa, o resultado contábil seria o seguinte:
1)-Não teria se jogado tanto dinheiro fora; 2)- Os horrores trazidos pela estiagem teriam sido minimizados; 3)- As agruras do sertanejo, com certeza, seriam aliviadas e o nosso rebanho não teria perecido de forma abrupta e estarrecedora como vimos. Poderíamos, ainda, citar “n” benefícios, mas, o mais importante, seria não termos que conviver com a vergonha de dizer que somos brasileiros e que acreditamos na força desse País.
Para finalizar voltamos ao assunto do milho. Sabem qual foi o resultado? Não apareceu ninguém para vender o milho e o Nordeste vai continuar na seca e com fome.
Viva a Democracia!
Viva o Brasil, esse gigante que sediará a Copa de 2014.
Por: Danizete Siqueira de Lima


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