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OPINIÃO DO PERNINHA

perninha-1Você entregaria o seu filho aos cuidados do estado?

Quem lembra da antiga FEBEM – Fundação Estadual do Bem Estar do Menor? Pois bem. Essa sigla foi substituída por uma mais moderna e passou a chamar-se FUNASE – Fundação de Atendimento Socioeducativo do Estado. Gostaram do nome? Esse é um nome apenas decorativo, vez que o estado é omisso e não cuida coisíssima nenhuma dos jovens que por ali passam. Prova disso é o que aconteceu no final do mês passado, quando os números falaram por si, ou melhor, gritaram aos quatro cantos do mundo pedindo clemência.

Apenas cinco dias foram suficientes para que 11 menores, entre 14 a 18 anos, fossem queimados vivos, mutilados ou apunhalados dentro de unidades da FUNASE. Alguns deles estavam por lá há cerca de um mês, como Charles Gutyerres Freitas de Souza, de apenas 14 anos. As últimas sete mortes aconteceram na noite do domingo (30/10), na unidade de internamento de Caruaru, no Agreste.

A resposta do governo, se é que existe, chegou na segunda feira seguinte, apenas por meio de nota: o presidente da entidade, Moacir Carneiro Leão Filho, foi substituído pelo advogado Roberto Franca, que terá 60 dias para apresentar um plano de reestruturação da FUNASE.

A rebelião que resultou no assassinato de sete jovens em caruaru (e ferimento em outros quatro) foi anunciada uma semana antes pelo Conselho estadual da Criança e do Adolescente (CEDCA), em matéria publicada nos jornais do estado, um dia após a morte de quatro menores na unidade de Timbaúba, na Zona da mata Norte do estado. A entidade alertou que as próximas bombas iriam “estourar nas unidades de Caruaru e do Cabo”.

O governo só se pronunciou por meio de notas. A FUNASE informou que grupos rivais causaram a rebelião, incendiando colchões e quebrando móveis. Dos sete adolescentes, seis morreram queimados e um, mutilado. Como na semana anterior, quando ocorreu a rebelião na unidade de Timbaúba, a fundação afirmou que “seria instaurada sindicância para apurar os fatos”. Por sua vez, o governador Paulo Câmara, ao anunciar a mudança de gestor prometeu dedicar todos os esforços para que esses tristes episódios não se repitam.

Esse filme vem sendo reprisado desde o governo de Eduardo Campos e as poucas mudanças foram para pior. Enquanto aguardam o plano de reestruturação que será cobrado do novo presidente, 1.508 menores internos (dados de 25 de outubro) e os seus respectivos familiares, torcem para que a paz – se é que existe – volte a reinar naquelas unidades e os seus habitantes possam, pelo menos, ser tratados como “gente”. Vale ressaltar que a capacidade total de atendimento das unidades no estado é de 1.100 internos aproximadamente.

Com essa mesma expectativa que rodeia os detentos e seus familiares a sociedade deve fazero coro com as palavras de D. Suzana Alves (31 anos), mãe de Charles Gutyerres, quando muito abatida aguardava a liberação do corpo no Instituto de Medicina Legal – IML: “Nenhuma mãe quer enterrar seu filho, muito menos, dessa forma”. Vou cobrar isso do governo, finalizou.

E vocês leitores, vão ficar fora dessa luta?

Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – PE – novembro de 2016.


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