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Crônica de Ademar Rafael

IZABEL MARIA MARINHO PATRIOTA

Por: Ademar Rafael

Na manhã de 03.08.19 estava com amigos na Praça Arruda Câmara de Afogados da Ingazeira quando recebi uma missão do amigo Saulo Gomes. Por telefone ele me pediu para escrever algo sobre Zá Marinho que completaria 60 anos no dia 04.08.19.

Nesta minha trajetória terrestre não encontrei, além de Zá, ninguém que trouxesse um coral na garganta. A filha de Lourival e Helena foi – quem tiver outro entendimento guarde -, a dona da voz com mais docilidade e melodia que ouvi em minha vida. A fragilidade corporal escondia uma cantora sublime um anjo de coração santo. Seu olhar quando se debruçava sobre um excluído conduzia uma energia gerada somente em seres iluminados.

Tinha gestos difíceis de serem narrados com palavras. No dia que minha esposa conheceu Zá disse-lhe de frustração que teve quando notou que o cantor contratado para nosso casamento não havia ensaiado a música
“Amor de índio”. Prontamente ela disse a Helaine: “Nunca cantei esta música vou aprendê-la e em nosso próximo encontro cantarei para você.” Dias depois na casa do irmão Hilário cantou “Amor de índio” com uma
intensidade que até hoje ecoa em nossos ouvidos.

Certa vez ganhou um casaco de frio da irmã Maria Helena. No caminho da sua residência encontrou uma moradora de rua sem coberta e entregou-lhe o casaco. Maria descobriu no dia seguinte e sem qualquer sentido de crítica perguntou: “Zá destes o casaco que lhe dei?” Zá prontamente disse: “Ninha, quando vi a pessoa sem nada para enfrentar o frio e eu protegida, indo para debaixo dos meus cobertores, não tive outra saída dei o presente que havia recebido.” Essa era a Zá cidadã.

A voz de Zá transformava qualquer música em clássico, seu cunhado Antônio José ganhou uma versão personalizada de “Um homem chamado Alfredo”, nós outros ganhamos um repertório sem parelha.


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