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OPINIÃO DO PERNINHA

Privatização seria a última saída

Nos anos 80, quando entrei para o Banco do Brasil, uma das empresas que se destacavam entre as nossas estatais era a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – EBCT. Naquela época essa empresa gozava de uma credibilidade que nos impressionava pela sua qualidade nos serviços como o simples gesto de colocarmos uma carta na modalidade (simples), ou seja, sem qualquer registro, sem emissão sequer de um recibo, pagando alguns centavos e sabendo
que ela seria entregue no destino. Quando o assunto era remessa via SEDEX, o serviço não era diferente: eficiência e rapidez davam as cartas e as encomendas chegavam aos destinos no prazo estipulado e intactas como foram entregues.

Olhando para o cenário atual perguntamos: o que mudou? Tudo.

Se olharmos um pouco pelo retrovisor haveremos de detectar as más gestões e corrupções que atingiram em cheio a empresa. Os descasos administrativos passaram necessariamente pelas irresponsabilidades governamentais que teimam em sucatear alguma empresa digna que ainda nos resta.

Recentemente o ministro da Ciência, Tecnologia, inovações e comunicações, Gilberto Kassab, disse que a ECT terá que fazer “cortes radicais” de gastos para evitar a privatização. A estatal teve prejuízos de R$ 2,1 bilhões em 2015 e de R$ 2 bilhões em 2016 e existe ainda uma grande possibilidade de o governo federal não socorrer a empresa financeiramente.

Alguma novidade nisso? Claro que não. Como o governo vai socorrer a empresa que ele próprio ajudou a quebrar? Parece proposital. Não sabemos a quem possa interessar a falência dessas estatais, mas o governo federal é quem mais sabe afinal, para que serve a lei das terceirizações?

Em dezembro de 2016, o presidente da estatal, Guilherme Campos, anunciou um plano de demissão voluntária para aliviar os cofres da empresa. No nosso entendimento essa onda está mais que ultrapassada. Se a empresa já presta um serviço de péssima qualidade com um quadro funcional precário, como enxugar ainda mais numa hora que se exige dos correios a prestação de serviços fora de sua área como atendimento a Bolsa Família, aposentados e correspondentes bancários, como Banco do Brasil, Bradesco e outros que surgem em cidades de menor porte?

Não acreditamos em salvação para a empresa principalmente com este governo que aí se encontra. Pela cartilha do Temer e pela realidade que vimos acompanhando nos últimos 10 (dez) anos, a empresa está correndo contra o relógio e já tem muita gente esperando a hora de dar o bote para adquiri-la a preço de banana. Quem viver, verá.

Danizete Siqueira de Lima – Afogados da Ingazeira – maio de 2017.


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