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SENADORES DO PMDB RELATAM ‘DESCONFORTO’ COM CRÍTICAS DE RENAN A TEMER

Por Gustavo Garcia, G1, Brasília

Diante das frequentes e quase diárias críticas do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao governo do presidente Michel Temer, parlamentares da legenda ouvidos pelo G1 relataram que o comportamento do senador tem causado “desconforto” entre os integrantes da bancada.

A série de críticas de Renan à condução do governo começou no mês passado. À época, Renan declarou, repetidas vezes, que a gestão Temer sofre influência do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso e condenado na Lava Jato. Com as afirmações do senador, coube ao próprio presidente dizer, em entrevista, que Cunha não influencia as decisões do Executivo.

Desde então, Renan Calheiros passou a dirigir críticas, com maior frequência, às diversas medidas adotadas pelo governo, principalmente na área econômica.
Os ataques de Renan

Renan disse nesse período, por exemplo, que o governo Temer agiu de forma “errática” ao enviar ao Congresso algumas reformas, como a da Previdência Social, sem ouvir a bancada peemedebista no Senado.

O parlamentar também chegou a avaliar que as mudanças nas regras da aposentadoria propostas pelo governo não serão aprovadas pelo Congresso porque são “exageradas” e “penalizam trabalhadores”, principalmente das regiões Norte e Nordeste.

O ex-presidente do Congresso Nacional também foi responsável por comandar uma reunião da bancada do PMDB no Senado na qual foi redigida uma nota, assinada por 9 dos 22 parlamentares do partido, contra a sanção, por Temer, do projeto aprovado pela Câmara sobre a terceirização. Mesmo com o movimento de Renan, o presidente sancionou a proposta.

Durante toda a semana passada, Renan direcionou, diariamente, ainda mais críticas ao Palácio do Planalto. Ele declarou, entre outras coisas, que o governo Temer “não tem para onde ir” e, em entrevista, comparou a atual gestão à “seleção do Dunga”.

No comando da seleção, Dunga acumulou maus resultados e foi trocado por Tite, que, em poucos jogos, classificou a equipe para a Copa do Mundo de Futebol, na Rússia, em 2018.

O que dizem os senadores do PMDB
Ao G1, um colega de bancada de Renan Calheiros afirmou, sob condição de anonimato, que a série de críticas do líder do PMDB ao presidente está provocando “constrangimento”.

“Como senador, Renan tem todo direito de expressar seu descontentamento com o governo, mas deve ter cuidado ao se posicionar como líder, para evitar esses constrangimentos da bancada com o governo”, disse esse parlamentar.

“Há um desconforto muito grande. Essa postura está criando focos de insatisfação na bancada. Mas também não ninguém com perfil para liderar o PMDB no Senado neste momento de turbulência”, acrescentou.

Para outro senador do PMDB, que também pediu para não se identificar, Renan tem feito declarações “esquisitas” sobre Temer.

“Se o Renan, como líder, fizer uma orientação de votação contra o governo, eu não vou acompanhar. Ele é o líder, porém não sou obrigado a seguir sua orientação. Mas eu sou um conciliador, acho que temos que esquecer essas picuinhas, pensar no Brasil”, disse. “Não sei se chega a ter uma divisão [na bancada], mas há esse estranhamento”, completou.

Eleições de 2018
Para uma parte dos parlamentares peemedebistas ouvidos pelo G1, a série de críticas de Renan às medidas de Temer são motivadas pelas eleições do ano que vem, uma vez que o mandato do senador termina em 2018.

Esses parlamentares acrescentam, ainda, acreditar que Renan Calheiros tenta se “descolar” do presidente em função da baixa popularidade de Temer (segundo o Ibope, 10% consideram o governo “ótimo” ou “bom” e 55%, “ruim” ou “péssimo”) e das reformas enviadas ao Congresso, como a da Previdência e a trabalhista.

“Renan está em uma situação complicada nas pesquisas em Alagoas. Com essas atitudes, ele espera uma reação popular”, disse um senador peemedebista.

Na mesma linha, outro senador da legenda avaliou ao G1 que Renan precisa “dar uma virada em Alagoas, porque precisa se reeleger e ainda conquistar apoio para o filho”.
Renan Filho, governador do estado e, assim como o pai, alvo da Lava Jato, também terminará o mandato no ano que vem.


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