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CRÔNICA DO ADEMAR RAFAEL

ademarCONECTADOS?

Um sobrinho que reside em São Paulo, onde tem uma empresa que monta stand em grandes eventos, confidenciou-me que seus funcionários ao chegarem ao local onde serão executados os serviços perguntam qual o senha do “wifi” antes de pegarem os instrumentos de trabalho.

No segundo semestre de 2014, enquanto ministrava uma aula sobre gestão de micro e pequenas empresas, detectei que dezesseis dos vinte e seis alunos presentas estavam com os ouvidos na minha mensagem e os olhos nas telas dos seus aparelhos de celular ou nos tabletes.

Recentemente ao entrar em uma lanchonete descobri que os três únicos clientes estavam cada um com os olhos nos celulares, o garçom estava assistindo um canal de televisão por assinatura e a funcionária do balcão estava vidrada no “whatsapp”.

Nos aeroportos a esmagadora maioria dos passageiros não esperam sair da aeronave para entrar nas redes sociais e verificarem as novidades dos últimos segundos.

Nas ruas não é raro vermos pessoas batendo de frente com outros pedestres em função dos olhares estarem na direção dos aparelhos de telefonia móvel quando deveriam está olhando o caminho a seguir.

Procurando entender esta dependência, em relatos sobre comportamento humano, deparei-me com a citação adiante registrada, extraída da crônica “Eram assim os grã-finos de São Paulo” escrita pelo jornalista Joel Silveira para revista “Diretrizes”, na publicação de 25.11.1943.

Assim escreveu a víbora, forma que o famoso repórter era tratado por Assis Chateaubriand Assis o todo poderoso dos Diários Associados: “Durante uma tarde inteira, fiquei semideitado numa poltrona de um apartamento chique, no Centro da cidade… Os rapazes se vestem muito bem e telefonam. Telefonam de cinco em cinco minutos e conversam com Lili, com Fifi e com Lelé. Recebem também telefonemas de Fifi, de Lili e de Lelé”.

A geração “zap-zap” (whatsapp) está, portanto, copiando um comportamento dos ascendentes com extinção total das barreiras que existiam na década de 1940. Atualmente as restrições para utilização das tecnologias são praticamente zero, os níveis de uso estão próximos da totalidade e a frequência – cinco em cinco minutos -, retirou-se de cena para entrar no palco o tempo real e integral que impera na comunicação móvel.

Dizer que a conectividade separa os seres humanos pode até algum fundamento, deixar de considerá-la como tendência imutável é malhar em ferro frio. É necessário, no entanto, utilizarmos essa valiosa arma de comunicação universal em favor da convivência harmônica entre as pessoas, contra qualquer tipo de discriminação ou intolerância. Que as gerações futuras tenham elementos para expandir o que agora existe, ainda há espaço.

Por: Ademar Rafael


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