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CRÔNICA DE ADEMAR

O REI LUIZ

Marcos Vieira, músico, amigo e colega do Banco do Brasil que trocou Itapetim por Brasília – onde recebe os amigos para festas sertanejas -, conta que certa vez mostraram uma música para Luiz Gonzaga e ele disse: “Precisamos simplificar, está muito difícil para tocar”.

O interlocutor tentou argumentar e o Rei do Baião justificou: “Minha música é tocada pelo sertanejo que aprende de ouvido é esse sanfoneiro caboclo que faz meu sucesso crescer e com esta sofisticação meus conterrâneos não conseguirão tocar”.

Além do artista que era Luiz Gonzaga conhecia o nordeste, falava a linguagem que o povo entendia e criava composições que chegavam aos forrós de latada com a rapidez que os blogs de fofoca de hoje publicam as notícias sobre as celebridades.

Tive a felicidade de ser criado no sertão, ouvindo as músicas do Gonzagão através da Rádio Espinhara de Patos, da Rádio Borborema de Campina Grande e da Rádio Pajeú de Afogados da Ingazeira. Nesta última no programa “No terreiro da fazenda” onde o extraordinário Valdecy Menezes dava um destaque especial para as parcerias com Zé Marcolino.  

Se o Brasil não fosse a terra onde os verdadeiros artistas são trocados pelos empacotados nas grandes redes de televisão Luiz Gonzaga seria lembrado de outra forma. As diversas caravanas, os diversos especiais que proliferam neste ano aconteceriam de forma permanente, não careciam do ano do centenário. Maria da Paz desde sua volta ao Brasil fez isto é uma exceção.

O programa “O Milagre de Santa Luzia”, exibido na Rede Cultura nos domingos após Sr. Brasil é um exemplo único. Muitos músicos que sempre ficaram por trás das cortinas tiveram voz e vez para dizer ao Brasil quanto a obra de Luiz Gonzaga representou para o cancioneiro popular.

Em 2001 conheci em Serrinha, Estado da Bahia, um colecionador de nome Guilherme que tinha em sua casa um acervo maior que o exista no Museu de Exu. Afirmava ele: “Em minha casa tenho certeza que a memória do grande Luiz será preservada, aqui o artista estará à frente dos interesses comerciais.”.

Viva o Rei, viva a boa música, que Santa Luzia nos proteja da cegueira musical.

Por: Ademar Rafael Ferreira


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